sexta-feira, 3 de dezembro de 2010



A ignorância é, de facto, a maior arma dos incompetentes.

Os detentores do poder poderão eternizar-se se mantiverem os cidadãos desinformados, se lhes não transmitirem efectivos conhecimentos e cultura.

Mas, para não darem nas vistas, apressam-se a dar-lhes títulos académicos, assim criando a falsa ideia de que na Escola lhes foram transmitidos grandes conhecimentos.

Assim se criam países de “doutores e engenheiros”, sem que o seu nível cultural tenha aumentado, antes pelo contrário.

Ao invés de se transmitirem conhecimentos e cultura, as nossas escolas estão vocacionadas para transmitirem competências.

Ou seja, estamos a criar pessoas competentes mas sem formação que lhes permita ter, de facto, espírito critico.

E daí termos uma sociedade amorfa, sem capacidade de reagir por si mesma, antes dependendo dos “opinion makers”, dos “chicos espertos” que ganham notoriedade, muitas vezes pelos piores motivos.

Também é por demais evidente que os valores da nossa sociedade nada têm a ver com os tempos do Iluminismo, antes estando todos a ser “formatados” para apenas nos preocuparmos com os valores materiais, seja à custa do que for. Os bons são os ricos , os outros são “tansos”.

E por isso a crise de associativismo que se vive. As associações, vivem à custa de meia dúzia de “carolas” que lhes ganharam amor e a elas se dedicam. De cada vez que há eleições é o cabo dos trabalhos para arranjar elementos suficientes para completar as listas dos órgãos sociais. E as associações perdem força… E quem perde são os cidadãos.

Pese embora o desenvolvimento desportivo seja fundamental para um harmónico crescimento dos nossos jovens, para a sua inserção social e para a verdadeira aquisição do “espírito de equipa”, as associações que se vêm dedicando ao desenvolvimento de vários desportos, enfrentam cada vez maiores adversidades, enormes dificuldades financeiras e logísticas.

Na vertente ambiental, as mesmas dificuldades. São sempre os mesmos a efectivamente se preocuparem, a envolverem-se, a “irem à luta”.

Mas também nos partidos políticos a questão se coloca: São sempre os mesmos… E a nossa sociedade não muda… E as dificuldades são sempre as mesmas… e apercebemo-nos de que os detentores do poder politico nunca têm dificuldades financeiras… e apercebemo-nos que, da extrema direita à extrema esquerda, os nossos parlamentares são incapazes de renunciar às suas “mordomias”, à suas mais do que obscenas regalias.

Ainda não entendi porque há-de um politico, seja ele quem for, receber uma pensão por ter exercido o cargo para o qual se candidatou ou, pelo menos, se “chegou à frente”. Ainda não entendi porque hão-de os políticos ter tantas “alcavalas” além dos respectivos salários.

Ainda não entendi aquela coisa do subsidio de reintegração, ainda mais quando todos sabemos que não são, normalmente, prejudicados no que aos direitos laborais se refere.

Diz-se que não há moralidade. Dizem os partidos da oposição que é uma vergonha, mas na actual situação, em que a maioria está nas mãos dessa mesma oposição, ainda não vi serem aprovados diplomas ou mesmo recomendações (e já aprovaram tantas!!!) no sentido de colocar os políticos no mesmo patamar dos cidadãos.

O exercício de um cargo publico não pode ser o trampolim para enriquecer, ganhar contactos e poder. O exercício de um cargo publico deve ser uma dedicação à causa publica, ao interesse do colectivo, e ser norteado pelos interesses dos cidadãos e não pelos dos detentores do poder económico. Dói ver políticos sérios e honestos a serem trucidados pelas imposições do poder económico.

O sistema de justiça, aliás, é um exemplo do que pode resultar da pressão dos detentores do poder económico. Fazem-se enormes campanhas contra a morosidade da justiça, e exigem-se alterações legislativas. E elas surgem, mas sempre no sentido da diminuição das garantias dos cidadãos. E, servindo esses interesses económicos, e não só, retiram-se processos dos tribunais. É assim que passamos a ter divórcios e partilhas nas conservatórias do registo civil, execuções “conduzidas” por agentes de execução, “fabricação” de títulos executivos em secretarias “judiciais”. E os cidadãos perdem direitos e garantias.

Entretanto, o sistema de justiça ganhou visibilidade. Já há jornalistas em todos os tribunais, e todos os jornais enchem páginas e páginas de noticias sobre processos judiciais. E toda a gente critica. Mas poucos sabem. E toda a gente opina, mas poucos opinam fundadamente. Mas é nestas criticas que se soltam as almas, os sentimentos. Mas os que nos governam não nos ouvem. Será, certamente, por viverem em casas e carros com bom isolamento de som, que não por se terem esquecido de nós…

A Constituição da República Portuguesa estabelece, no seu artº 202º, que “Os tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo”. Bom seria que o povo compreendesse muitas das decisões dos tribunais.

Bom seria que o povo compreendesse porque, por vezes, a Justiça anda arredada dos tribunais, ou porque demora.

Há que aproximar os cidadãos do sistema de justiça, esclarecê-los e não intoxicá-los.

Dispensamos os teóricos demagogos a clamar por penas maiores ou prisões quase arbitrárias. Dispensamos demagogos a clamar por aquilo que já existe, como se não existisse. A decisão sobre a eventual prisão de um cidadão compete a um juiz e não a um politico. E existem leis que punem quem, mesmo no exercício de cargos públicos, cometer actos de administração danosa.

Façam os políticos o que devem fazer pelos cidadãos.

1 comentário:

  1. Passou mais de um ano de silêncio. Certo, mesmo é que vale a pena ver o pedreiro a sonhar assim. Com a habitual eloquência, mas ainda assim, muito politicamente correcto.
    Um abraço!
    Fazes falta na Blogosfera!

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